Na
atualidade existem medos sem nomes específicos que tomam conta dos indivíduos,
este ultimo livro que li de Zygmunt Bauman fala de um sentimento que pode vazar
de qualquer canto ou fresta de nossa vida, casa ou planeta. Mas como pode ser
explicado esse medo que transborda inesperadamente e nos faz fugir do olhar dos
seres humanos, assustados com o diferente? Por exemplo, ainda que o outro seja uma criança de rua nos
chamando de “tio” ou de “tia” do lado de fora do vidro do carro, ainda assim
representa é um perigo. É comum nas grandes cidades vermos carros blindados, grades,
portões e cadeados, nos aeroportos mundo a fora não é mais estranho olhares
desconfiados de agentes de segurança alertados contra o terrorismo. Será que
tem algo nesse medo que sentimos nos dias de hoje? Pelo que li no libro de
Bauman existe sim. Através da analise
das ansiedades atuais: morte, mal,
situações inexplicáveis ele diz que esse sentimento pode surgir de qualquer “fresta”
das nossas vidas. Mais uma vez é um
autor que leio e aborda sobre as relações da sociedade que “derrama, escorre”
por nossa mente e corpo, desejos e tempos, não importando classe social, gênero
ou idade
onde nenhum de nós é poupado de assombrações com ou sem lógica, individuais ou coletivas. Esse
medo que surge de repente, em quartos, cozinhas, trabalho, metrô; Ou então ser
acordado por um desastre natural ou simplesmente sofrer pelos atos das pessoas
ao seu redor. Bauman nomeia ainda uma “terceira
zona” onde entram as catástrofes econômicas
e naturais, por exemplo: barris de petróleo que secam, bolsa de valores que
despencam e empresas que afundam levando consigo centenas de empregos. Ele
chama isso de universo de colapso. Para viver nesse universo em constante
mudanças das quais acabam oferecendo muitos motivos para preocupações é
necessário desenvolver estratégias para lidar com tudo isso!
“ Afinal,
viver num mundo líquido-moderno conhecido por admitir apenas uma certeza- a de
que amanhã não pode ser, não deve ser, não será como hoje- significa ensaiar
diariamente um desaparecimento, sumiço, extinção e morte...”
Bauman faz uma consideração curiosa,
de que na sociedade atual até mesmo a morte pode ser temporária até segunda
ordem. Pessoas escapam do sofrimento, ainda que a dor seja um processo de
crescimento e amadurecimento, elas cessam dores o tempo inteiro. Essa “liquidez”
do mundo moderno faz com que seja intolerável uma frustração causada pelo
outro. As ameaças são assustadoras, ok.
Porém, ele acredita que podemos buscar motivos racionais tanto para justificar
a nossa falta de iniciativa durante os desafio diários, quanto para arriscar em
si novas possibilidades criativas que não nos deixe fugir de tudo que nos
encomoda. Enfim, Bauman acredita que
devemos nos aproximar do que tememos e não fugir, de forma que se nos
aproximamos do que nos causa medo, nos tranquilizamos de ver de perto a causa e
conseguir lhe dar um nome e uma forma.
“Medo é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça
e do que deve ser feito."
(Zygmunt Bauman. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008)