segunda-feira, 21 de maio de 2012

Teatro da Felicidade



    Hoje vivemos sombreados por uma Cultura Narcísica ou do Espetáculo, as pessoas não conseguem sustentar uma relação com o outro e a monogamia dá seus primeiros sinais de extinção. Pessoas voltadas para dentro de si, apenas para dentro de si.  Alguns autores que li falam em Época Hipermoderna ou Supermoderna, que é fruto do desenvolvimento do capitalismo multinacional e dos fenômenos da globalização. A principal característica dos tempos atuais não é a falta, é sim o excesso, que deforma o todo.  Na falta de experiências reais e consistentes, não superficiais como as que se vê por aí, as pessoas tem a si mesmo como objeto de amor e de sustentação da sua identidade. No estilo "Amar bastante a mim mesmo de modo a não precisar que ninguém me faça feliz”, vivemos em um mundo onde o encontro amoroso fracassa antes mesmo de acontecer porque as relações intersubjetivas estão em ruínas.
    Durante o cotidiano das pessoas, elas se juntam para trabalhar, para estudar, para ganhar dinheiro, para se divertir, para "ficar". Porém, nem sempre o estar junto fisicamente vai realizar um encontro. Quando pessoas em grupo, em um espaço público, um restaurante ou uma festa falam demais, gesticulam, ocupam todo o espaço possível com uma presença ruidosa. Se prestarmos atenção, veremos que a maioria não escuta umas às outras, exceto o mínimo necessário para abrir espaço para a sua própria fala. Falta interesse verdadeiro para o universo do outro. Falta disposição interna para escutar, refletir, construir junto um pensamento compartilhado, produto de um encontro. A vida é um cenário, onde é cada vez mais freqüente o comportamento teatral, mais precisamente, televisivo. 
As pessoas agem como se fossem personagens de uma história que está sendo filmada e deixam exibir, na tela, a satisfação por aparecerem na TV, mesmo que em situações constrangedoras ou dolorosas.
    As identidades se sustentam mais pelas imagens do que pela reflexão, mais pelo consumo que pelo cultivo. O outro faz papel de espectador ou quem sabe, coadjuvante, A linha do "você é o que você consome". O amor e o sexo não escaparam ao princípio consumista do mais querer, que produz o rápido esgotamento do que se tem. Acumulam-se casos e histórias como se acumulam coisas. E deles se descarta do mesmo jeito. Nessa lógica, é estimulado o exercício do sexo (seguro e em grande quantidade), com muita diversificação não só de parceiros, como de técnicas, acessórios e cenários. O encasulamento é um recurso de proteção contra o incômodo, a decepção, e o custo de uma relação, que requer o exercício da tolerância, da reflexão, do diálogo, da autocrítica.
    Por fim, se relacionar dá trabalho e o ganho pode parecer pouco – especialmente quando se vive em um mundo como o atual, que cobra a busca por um fictício estado prazeroso ininterrupto. O ganho, que não está previsto nessa conta que soma êxtases, é aquele que não se percebe de imediato. As pessoas passam a vida se fazendo e refazendo nas relações com o mundo. A falta de relações autênticas impossibilita experiências de vida que são imprescindíveis para a felicidade. Ou seja, não se basta sozinho, mesmo quando acreditar que é melhor não gostar de ninguém para evitar sofrimento. Assim, há quem prefira se defender do outro ao invés de arriscar, acaba ficando no vazio de si. Cabe a pessoa escolher com qual dos males pretende levar sua existência, contudo a cultura atual tem levado há uma única opções a milhares de adeptos...

                 


2 comentários:

  1. Amiga, amei, ainda mais a parte que as pessoas naâo tem escutas verdadeiras que escutam procurando um espaço para que possam falar!!!

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