terça-feira, 24 de julho de 2012

Síndrome do Cavalo Branco

    Na década de 60 grande parte das mulheres desprenderam-se do modelo eterno que lhes era imposto de mães e donas de casa. O desapego da proteção do pai ou marido fez com que elas buscassem novas práticas de vida e saíssem de perto do pensamento que as prendiam: de serem frágeis e com uma enorme necessidade de proteção.
    Existem mulheres que se acham incapazes e continuam alimentando este pensamento de necessidade de proteção eterna, outras que se sentem capazes de mudar e não mudam temendo frustrar as expectativas do homem. Uma vez que, a combinação de sexualidade e competência nas mulheres pode vir a ameaçar a virilidade do homem, sendo assim, para não desapontarem “seus machões” elas escondem sua autonomia e representam o papel feminino estereotipado da frágil, doce, meiga e eterna cinderela a espera do salvamento. Assim, alimentam e acabam sendo um pouco responsáveis pelo ideal que os homens fantasiam que elas sejam na sociedade, sempre se ajustando conforme a necessidade deles. São em pensamentos cristalizados do tipo “Preciso ter um homem ao meu lado para me sentir protegida” onde vemos que apesar do século XXI ser o da revolução das mulheres e novas tendências que estão surgindo sutilmente em relação aos relacionamentos amorosos, ainda é muito grande as que ainda fazem esse tipo de reivindicação e continuam alimentando essa introjeção cultural por um modelo que foi aprendido a vida toda.
       Todos sabem e se não sabem é importante dar-se conta disso, de que o homem, viril e machão é estimulado a ser independente desde que nasce, a mulher não, ela é criada para defender-se e cuidar da própria vida. Na adolescência é marcante e visível quando a adolescente continua sendo treinada para ser dependente de alguém onde não deve sair sozinha, pois um irmão é solicitado a acompanhá-la, seus horários, assim como sua sexualidade, são mais controlados, e é cobrada a permanecer mais tempo em casa. Por mais que estude e faça planos profissionais para um futuro, ainda assim alimenta o sonho de um dia encontrar alguém que irá protegê-la e dar significado à sua vida, não dando ênfase a uma profissão que a torne de fato independente. Segundo a autora Bonnie Kreps a mulher acomodada aceita que todo homem com quem se relacione a proteja e que isso é possível observar nos rituais onde as própria mulheres permitem que os homens as conduzam em situações físicas que poderiam controlar sozinhas sem a ajuda masculina:
                                     
"Ainda assim, lá está ele, o braço masculino onipresente em nossa direção, dirigindo-nos nas esquinas, através das portas, para dentro dos elevadores, subindo escadas rolantes...atravessando ruas. Esse braço não é necessariamente pesado ou grosseiro; é leve e delicado, porém firme, como dos cavaleiros mais confiantes com os cavalos mais bem treinados".

  Enfim, quem sabe devêssemos prestar mais atenção no conceito de cavalheirismo e o que ele realmente representa. Eu realmente torço para que na pior das hipóteses mesmo que você sofra do mal da espera pelo príncipe encantado a salvá-la no cavalo branco, ao subir no cavalo e ao galopar você caia, bata a cabeça e acorde! Levante-se sozinha, não bancando a boneca frágil, sacuda a poeira e saia andando normalmente. Quer saber se eu sou feminista? E você, não é?       

quinta-feira, 5 de julho de 2012

13 Mentiras do Amor Romantico

Ainda existem pessoas que acreditam e sofrem com elas:

1. Só é possível a realização afetiva no casamento;
2. Não é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo;
3. Quem ama não sente tesão por mais ninguém;
4. Para resolver a questão da falta de tesão no casamento basta ser criativo;
5. Homens e mulheres são por natureza emocionalmente diferentes;
6. Ninguém pode ser feliz sem um par amoroso;
7. Desejar relações amorosas e sexuais com parceiros variados significa imaturidade;
8. O amor materno é da natureza da mulher e toda mulher deseja ter um filho;
9. O pai não tem condições de criar um filho tão bem quanto a mãe;
10. A iniciativa da proposta sexual cabe naturalmente ao homem;
11. No sexo o homem é naturalmente ativo e a mulher passiva;
12. O homem gosta mais de sexo que a mulher;
13. No casamento é importante ceder sempre.




#RNL

terça-feira, 3 de julho de 2012

Eu OU Você.

    É mais do que comum o ser humano estar condicionado a dividir, racionalizar e separar para entender a realidade em que vive, acabando por dissociá-la e escolhendo entre um e outro, eu ou você, nós ou eles, etc. Em Psicologia Humanista, mais propriamente a Gestalt, fala-se de um todo muito maior que a soma das suas partes. 

   Temos coragem ou medo, pensamos com o cérebro ou o coração, somos certos ou errados, feios ou bonitos, jovens ou velhos. Porque? Será que podemos vir a questionar nossa realidade, e começar a pensar numa tendência de um todo que é muito mais do que a soma de uma divisão? Porque junto, ele é um organismo vivo e único. Esses questionamentos podem nos levar a uma nova compreensão de mundo, esse video nos mostra que há vida na morte, criança no velho, feio no bonito e por aí vai...A percepção do todo nos faz compreender que algo sempre tem haver com algo.

 

 "GESTOS IMPACTAM EM ATITUDES, QUE LEVAM A UMA AÇÃO, QUE FORMA UM PROCESSO E QUE CONSTRÓI OUTRO E QUE ALIMENTA OUTROS E TRANSFORMAM A REALIDADE."

 

     Seres humanos são "e' e não "ou". É dificil mudar esse pensamento  mas com esse vídeo maravilhoso, começo a pensar que deveriamos fazer o exercício de incluir TUDO, que por uma construção social que nos foi aprendida não nos questionamos e acabamos por excluir uma situação da outra.  Coisas opostas ou diferentes também são parte de nós, ou do que um dia fomos ou viremos a ser. 

 

Um mundo dividido é um mundo pobre. Uma pessoa, também. 

 

 Segue o vídeo que ilustra esse pensamento:  http://vimeo.com/22564317



segunda-feira, 2 de julho de 2012

A dificuldade de iniciar um relacionamento amoroso no Século XXI.


Desde 2009 venho estudando e pesquisando aleatóriamente sobre tipos de relacionamentos, construções socias e consequencias do mesmo diante do que se vê hoje na vida das pessoas.
É notável uma mudança que vem ocorrendo desde os anos 30 no campo amoroso das pessoas, hoje em dia, a chamada época Hipermoderna vem trazendo consigo uma série de características que causam certo “mal-estar” nos relacionamentos amorosos, se é que podemos chamar de “amorosos”. 
Parto do pressuposto psicanalítico, na melhor das hipóteses, que a grande maioria das pessoas tenha passado pela faze psicossexual e saído competente de seu narcisismo primário, que tenha estabelecido na relação com o outro, isto é na intersubjetividade, a relação de que pode investir em um objeto exogâmico, ou seja, não mais investir libido no seu próprio eu. Suponhamos que isto tenha ocorrido saudavelmente, mas que agora os tempos são outros, os tipos de relações intersubjetivas tenham mudado um pouco e que estamos na chamada Era de Narciso.  Essa cultura contemporânea, Cultura de Narciso, investe o tempo todo no seu próprio eu, isto é, são práticas que não sustentam a alteridade e onde predomina nada mais nada menos do que o fruto do capitalismo.  As dificuldades nos relacionamentos começam a aparecer então quando o culto ao corpo e a beleza, os bens que se tem e a busca incondicional pelo prazer predominam em cima de relações onde possa haver uma troca realmente com o outro, o sentimento/pensamento deveria importar muito mais que sensação/corporeidade.  Mas de fato, o amor nos tempos de Narciso isso não acontece, a realidade é outra é o tempo de “Você é o que consome”, o tempo do sexo seguro e quanto mais parceiros melhor, a era onde a regra é “tenho que gostar mais de mim do que do outro”, dessa forma não sofrerei tanto com o possível fim de um relacionamento.
Com essa lógica se torna cada vez mais difícil de manter um relacionamento amoroso com uma pessoa, e ai que se explica o “culto a solidão”, onde as pessoas podem até estar juntas, mas se sentem sozinhas o tempo todo em um mundo de pessoas voltadas para si mesmas, encantadas consigo mesmas, hipocondríacas, obcecadas por seus corpos e mergulhadas na fantasia do prazer constante, o amor é um sentimento fraco, de uma ligação frouxa com o outro. Assim, cada vez mais as pessoas se encasulam e preferem não investir em uma troca com o outro e sim investir somente em si próprias. Dessa forma como que se investe no outro que só investe em si próprio? As pessoas acabam com medo de sofrer ou quando encaram acabam cutucando a ferida narcísica e mostrando a carência, a falta de se sentir completo como se realmente gostaria. Quando amam, sofrem e quando não amam também sofrem, ou seja, se não se é amado não tem porque compartilhar. Acredito que com esses valores da nossa cultura atual, principalmente os valores amorosos fica cada vez mais difícil às pessoas se permitirem conhecer uma à outra, se interessar de verdade por universos pessoais distintos, dos quais possam emergir deixando lá algo de si, trazendo cá algo do outro -, fica uma questão e um desafio.

Goethe (2000, p.112) diz: "Ah, ninguém me poderá dar o amor, a alegria, o calor e o prazer, se tudo isso não estiver dentro de mim mesmo, e com um coração repleto de felicidade não poderei fazer feliz a outrem, se ele permanecer frio e sem forças diante de mim".