Na década de 60 grande parte das
mulheres desprenderam-se do modelo eterno que lhes era imposto de mães e donas
de casa. O desapego da proteção do pai ou marido fez com que elas buscassem
novas práticas de vida e saíssem de perto do pensamento que as prendiam: de serem
frágeis e com uma enorme necessidade de proteção.
Existem
mulheres que se acham incapazes e continuam alimentando este pensamento de
necessidade de proteção eterna, outras que se sentem capazes de mudar e não
mudam temendo frustrar as expectativas do homem. Uma vez que, a combinação de
sexualidade e competência nas mulheres pode vir a ameaçar a virilidade do homem,
sendo assim, para não desapontarem “seus machões” elas escondem sua autonomia e
representam o papel feminino estereotipado da frágil, doce, meiga e eterna
cinderela a espera do salvamento. Assim, alimentam e acabam sendo um pouco
responsáveis pelo ideal que os homens fantasiam que elas sejam na sociedade,
sempre se ajustando conforme a necessidade deles. São em pensamentos
cristalizados do tipo “Preciso ter um homem ao meu lado para me sentir
protegida” onde vemos que apesar do século XXI ser o da revolução das mulheres
e novas tendências que estão surgindo sutilmente em relação aos relacionamentos
amorosos, ainda é muito grande as que ainda fazem esse tipo de reivindicação e
continuam alimentando essa introjeção cultural por um modelo que foi aprendido
a vida toda.
Todos sabem e se não sabem é importante dar-se conta disso, de que
o homem, viril e machão é estimulado a ser independente desde que nasce, a
mulher não, ela é criada para defender-se e cuidar da própria vida. Na
adolescência é marcante e visível quando a adolescente continua sendo treinada
para ser dependente de alguém onde não deve sair sozinha, pois um irmão é
solicitado a acompanhá-la, seus horários, assim como sua sexualidade, são mais
controlados, e é cobrada a permanecer mais tempo em casa. Por mais que estude e
faça planos profissionais para um futuro, ainda assim alimenta o sonho de um
dia encontrar alguém que irá protegê-la e dar significado à sua vida, não dando
ênfase a uma profissão que a torne de fato independente. Segundo a autora
Bonnie Kreps a mulher acomodada aceita que todo homem com quem se relacione a
proteja e que isso é possível observar nos rituais onde as própria mulheres
permitem que os homens as conduzam em situações físicas que poderiam controlar
sozinhas sem a ajuda masculina:
"Ainda assim, lá está ele, o braço masculino onipresente em nossa
direção, dirigindo-nos nas esquinas, através das portas, para dentro dos
elevadores, subindo escadas rolantes...atravessando ruas. Esse braço não é
necessariamente pesado ou grosseiro; é leve e delicado, porém firme, como dos
cavaleiros mais confiantes com os cavalos mais bem treinados".
Enfim, quem
sabe devêssemos prestar mais atenção no conceito de cavalheirismo e o que ele
realmente representa. Eu realmente torço para que na pior das hipóteses mesmo
que você sofra do mal da espera pelo príncipe encantado a salvá-la no cavalo
branco, ao subir no cavalo e ao galopar você caia, bata a cabeça e acorde! Levante-se
sozinha, não bancando a boneca frágil, sacuda a poeira e saia andando
normalmente. Quer saber se eu sou feminista? E você, não é?
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